dima
  • 12390948

    Complicity and the affinity between my camera and me are enormous. The camera is an extension of my body and follows the rhythm of my mind as if it were an additional member. I have become more focused towards the dehumanization of society that also results in major technological developments. However although I do not totally reject society, I seek, through my images to create parallel words, more human, where I review. It is through them I seek the comfort to express my feeling, my concerns, my truths. My photography revolves around a lot of people, especially my close family and circle of friends, in open green spaces that are close, dear personal and familiar. We are all in some way, reflected within each other and therefore are influenced by one another. This is apparent in my photography. I photograph fundamentally people. However, in contrast, I also photograph their absence. Imagination and illusion emerge in balance, so as to exchange experiences and share life stories. I admit my total inability to shoot snapshots. Therefore, it is not customary to bring my camera with me, which leads me to resort to the memory of “snapshots” I see to recreate and photograph later. I experience things, I reflect on them, and with this process comes an image that will mentally shape up to feel that, through it, I can convey the truth, my truth. Only after this discovery, is it possible for me carry out the execution of my photography. Picture thus becomes a mixture between experience and imagination, mediated by my complicity with the camera. Together we then seek parallels that lead to the final result. Steadily reflected in all my work is the “search for identify”. An identification number encodes our identity to the whole society. This number accompanies us throughout life, maintaining a constant in their abstract logic, despite the experiences, changes and transformations we undergo. Already the work, operated by each, is, however, confined to an inner circle, but it is much more revealing in the identify of the individual, transcending largely objective information that can be accessed through a numerical code. Ironically, little or no sense of parallelism that may exist in these two ways of identifying the person was born in the idea of giving the title of this work 123 90 948. On one hand, this is a personal identification number and, secondly , also becomes “symbolic” of the work produced by me. If this numeric identifier never forsakes me, I am sure that my photographs will also accompany me forever, as they represent the most important part of my identity.

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    A cumplicidade e a afinidade existentes entre mim e a minha câmara fotográfica são enormes. A câmara é uma extensão do meu corpo, segue o ritmo do meu pensamento como se de um membro suplementar se tratasse.

    Tenho sentido acentuar-se a desumanização da sociedade que resulta também dos grandes desenvolvimentos tecnológicos. Embora não os rejeite totalmente, procuro, todavia, através das minhas imagens, criar mundos paralelos, mais humanos, onde me reveja. É neles que procuro o conforto para expressar o meu sentir, as minhas preocupações, as minhas verdades.

    A minha fotografia gira bastante em redor das pessoas, especialmente do meu núcleo familiar e círculo de amigos, com o pano-de-fundo dos espaços que me são próximos. Todos nós somos, de alguma forma, fruto do meio em que vivemos e no qual fomos criados: não sou, pois, excepção. Da mesma forma que influencio estas pessoas com o meu “eu”, também delas recebo influências que se reflectem nas minhas fotografias. Fotografo, fundamentalmente, pessoas. No entanto, em contraponto, fotografo também a sua ausência. Imaginário e ilusório emergem assim no balanço da troca de experiências e vivências partilhadas.

    Reconheço a minha total incapacidade para fotografar instantâneos. Por isso, não é costume trazer comigo a câmara fotográfica, o que me leva a recorrer à memória dos “instantâneos” que vou vendo para os recriar e fotografar depois. Vivencio as coisas, reflicto sobre elas, e desse processo nasce uma imagem que vou moldando mentalmente, até sentir que, através dela, posso transmitir a verdade, a minha verdade. Só após esta descoberta é que parto para a execução da fotografia. A “minha” imagem passa assim a ser fruto da mistura entre vivências e imaginação, mediada pela minha cumplicidade com a câmara. Juntos buscamos então paralelos que nos levam ao resultado final.

    Em todo o meu trabalho aparece reflectida, de forma constante, a “busca da identidade”. Um número de identificação codifica a nossa identidade perante o todo da sociedade. Esse número acompanha-nos por toda a vida, mantendo-se constante na sua lógica abstracta, apesar das vivências, mudanças e transformações por que passamos. Já a obra, operada por cada um, está, pelo contrário, confinada a um círculo mais restrito, mas é muito mais reveladora da identidade do indivíduo, transcendendo largamente a informação objectiva a que se pode aceder através de um código numérico.

    Ironicamente, do pouco ou nenhum sentido de paralelismo que possa existir nestas duas formas de identificar a pessoa, nasceu a ideia de dar a este trabalho o título de 123 90 948. Por um lado, este é um número de identificação pessoal; por outro, passa também a ser a marca “emblemática” da obra por mim produzida.

    Se tal identificador numérico jamais me abandonará, tenho a certeza que também as minhas fotografias me acompanharão sempre, já que elas representam a parte mais importante da minha identidade.